
ROTEIRO PARA ANÁLISE DO FILME “SHOW DE TRUMAN”
FILOSOFIA
Com base na análise do filme, associado àquilo que discutimos em aula, preencha o roteiro abaixo. Para tanto utilize-se dos referenciais oferecidos pelas nossas aulas no que tange ao conhecimento e à vida de acordo com a postura filosófica. Você poderá também utilizar-se dos conceitos desenvolvidos por Platão acerca do mundo da aparência e do mundo das idéias.
1. O artificialismo da sociedade moderna
• As relações sociais e afetivas de Truman eram todas falsas. Sua mãe, seu pai, sua esposa, seu amigo eram falsos. Na sua vida e nas suas relações sociais e afetivas como é possível saber o que é real do que é falso, o que é consistente do que é inconsistente, o que é duradouro do que é temporário? Que critério você utiliza?
• A cidade de Truman parecia realmente uma cidade cenográfica, havia um artificialismo muito grande em tudo. Como você poderia identificar o artificial em nossa sociedade?
• No começo do filme a mulher de Truman diz: “para mim a minha vida particular e a pública são iguais.” Reflita sobre as conseqüências desse tipo de pensamento, ou seja, de confundir e misturar o público e o privado. Pense isso em termos sociais e políticos.
2. A sociedade “tevecêntrica”
• No filme, observamos que os telespectadores passavam o dia inteiro assistindo televisão. Na sociedade moderna a TV também ocupa um lugar de destaque. Antigamente as famílias se reuniam à noite para contar “causos”, os pais contavam sobre os acontecidos, as mães relatavam as travessuras dos filhos... Atualmente todos se reúnem diante da TV, na sala, onde é proibido falar, ela é o centro das atenções. Que reflexos podemos detectar desse tipo de comportamento para os grupos sociais, principalmente para a família?
• Em certo momento o diretor diz para Truman: “O mundo real é igual ao mundo que eu criei para você. Tem as mesmas mentiras, as mesmas decepções, mas no meu mundo você não tem nada a perder.” Por que, muitas vezes, nós preferimos a ilusão das telenovelas, dos Big Brothers à realidade que nos cerca?
3. A manipulação dos meios de comunicação de massa sobre a sociedade e sobre o indivíduo
• No filme, pudemos observar a todo momento como o show e a TV eram utilizados para vender produtos. O que sustenta um canal de TV é a venda de produto. Em que medida você se sente influenciado pelas propagandas? O que você faz ou não faz para superar essa influência?
• O diretor do Show de Truman agia como um deus, manipulando Truman e o público. Os donos dos meios de comunicação de massa em nossa sociedade agem da mesma maneira. Cite algumas medidas legais que poderiam ser tomadas para que o poder da imprensa não fosse tão grande.
• Truman foi preso desde bebê por um programa televisivo, não teve como se defender. No entanto, através de um esforço imenso, principalmente observando e refletindo sobre a sua realidade, ele conseguiu se libertar do mundo em que foi aprisionado. A nossa situação é bem melhor que a de Truman. Que ações ou comportamentos deveríamos ter para que não fiquemos tão presos e influenciados pelos meios de comunicação de massa?
SOCIOLOGIA
No final do filme, Truman decide sair do mundo artificial criado para ele e viver uma vida real. Você deverá elaborar uma crônica contando um episódio dessa nova vida. Como Truman irá se relacionar com as pessoas fora do seu show? Lembre-se que ele não construiu nenhuma relação realmente verdadeira em sua vida, tudo era falso: sua família, seu amigo, seu trabalho. Sua crônica deverá contar como serão suas relações sociais e afetivas. Truman aproveitará algum aprendizado social que teve no show ou partirá da estaca zero? Para sua reflexão utilize-se dos referenciais teóricos oferecidos pelos nossos estudos sobre o processo de socialização. Tente, invente, seja criativo.
PLANO DE DISCUSSÃO FILOSÓFICA
CONHECIMENTO
Reflita sobre as questões apresentadas a seguir, apresente as respostas com as devidas justificativas.
1- O que é conhecimento?
2- É possível construir o conhecimento?
3- É possível transmitir conhecimento?
4- A capacidade de conhecer é algo que desenvolvemos (nato) ou já nascemos com ela (inato)?
5- Como podemos comunicar o que conhecemos?
6- É possível comunicar o que não conhecemos?
7- É possível conhecer o incomunicável?
8- Comumente as pessoas possuem interesse em saber o que é possível conhecer verdadeiramente, ou somente aquilo que elas consideram útil para elas?
9- Conhecer é algo que só tem importância quando é conveniente?
10- Há coisas que você gostaria de não ter conhecido?
MITOLOGIA GREGA
AFRODITE
- Deusa da beleza, do amor e da fertilidade.
- Segundo uma das versões, os órgãos sexuais de Urano, cortados de Cronos, teriam caídos no mar e dado origem à deusa.
- Sua escolha como a mais bela em uma disputa entre ela, Atena e Hera, teria sido a causadora da guerra de Tróia.
APOLO
- Deus do sol e da luz, protetor dos músicos, dos poetas, das artes e da profecia.
- Filho de Zeus e de Letó, é irmão gêmeo de Ártemis.
- Era representado como um jovem de estatura elevada, dotado de uma beleza serena e teve numerosos amores.
ARES
- Deus da guerra, sedento de sangue e ansioso por carnificinas.
- Com sua estatura sobre-humana e usando couraça, lança e capacete, ele dava gritos terrificantes enquanto combatia.
- Teve várias aventuras amorosas, das quais a mais famosa foi com Afrodite, tendo se unido também com muitas mortais.
ÁRTEMIS
- Filha de Zeus e de Letó é irmã gêmea de Apolo, era avessa ao amor e ao convívio com os homens. Tendo conservado-se virgem, preferiu a caça a qualquer outra atividade.
- Deusa da lua e da caça, protetora dos animais e das crianças.
- A exemplo de Apolo manejava eximiamente o arco e as flechas, a ponto de as mortes súbitas serem atribuídas aos seus projéteis.
ATENA
- Seu nascimento se deu quando Zeus teve a cabeça aberta por um machado e dela saiu a deusa já adulta e armada.
- É considerada a deusa das atividades filosóficas, além de inspirar a bravura nos heróis.
- Atribuem-se a ela invenções úteis tato em relação à guerra (por exemplo, a invenção de carros de combate), quanto em relação à paz, como a introdução de cultivo de oliveiras na Grécia.
BÓREAS
- Deus do vento, filho de Éolo e de Aristeu, descende dos titãs.
Seus filhos eram alados e se caracterizavam pela velocidade, sendo considerados gênios do vento.
- Ele frequentemente era descrito como um homem velho, alado, com cabelos longos e revoltos, segurando uma concha e vestindo uma capa.
DEMÉTER
- Filha de Cronos e de Rea, pertencente à segunda geração divina dos deuses olímpicos.
- Deusa da fertilidade, das frutas e das colheitas.
- Em sua lenda, ela aparece estreitamente ligada a Perséfone, sua filha com Zeus, sendo as duas geralmente chamadas de “as deusas”. Sozinha ela é chamada de “deusa-mãe”.
DIONÍSIO
- Ainda no sexto mês da sua gestação, por ocasião da morte de sua mãe, Zeus o retira e o coloca em sua coxa para terminar sua formação.
- Quando assume o trono de Tebas ele introduz os bacanais, festas celebradas com gritos frenéticos, principalmente pelas mulheres.
- É considerado o deus das videiras, do vinho e do delírio místico.
HADES
- Deus dos infernos e do mundo dos mortos.
- Na partilha do universo após a vitória dos deuses sobre os titãs, coube a ele o domínio do mundo subterrâneo (inferno ou tártaro).
- Na luta contra os titãs ele usou um capacete feito pelos ciclopes que o tornava invisível.
HEFESTO
- Era o deus da tecnologia, dos ferreiros, artesãos, escultores, metais, metalurgia, fogo e dos vulcões.
- Era manco, o que lhe dava uma aparência grotesca aos olhos dos antigos gregos.
- Servia como ferreiro dos deuses, e era cultuado nos centros manufatureiros e industriais da Grécia, especialmente em Atenas.
HERA
- A deusa mais importante do panteão grego, era filha de Cronos e de Rea.
- Era irmã e mulher de Zeus, de cuja majestade e poder participava ativamente.
- Sua relação com Zeus caracterizava-se por um ciúme constante e feroz, em face da infidelidade incorrigível do marido.
HERMES
- Aparece nas lendas, principalmente como mensageiro de Zeus e das divindades infernais.
- Era o protetor dos comerciantes e dos ladrões, e guiava os viajantes.
- Uma das suas funções era levar as almas dos mortos ao inferno, e em seu desempenho ele recebia o apelido de “acompanhante das almas”.
HÉSTIA
- Deusa dos lares, protetora da casa e da família.
- Conseguindo se livrar das investidas amorosas de Poseidon e de Apolo, ela obteve de Zeus a preservação de sua virgindade para sempre.
- Zeus a distinguiu com a honraria de ser cultuada nos templos de todos os deuses e nos lares de todos os mortais.
PERSÉFONE
- Sobrinha e mulher de Hades, reinava com seu marido sobre os mortos.
- Hades, seu tio, apaixonou-se por ela ao vê-la colhendo flores com as ninfas. Raptou-a e a levou para o inferno.
- Tentada por Hades quebrara o jejum no inferno comendo um grão de romã e por isso não pode mais sair de lá.
POSEIDON
- Um dos deuses do Olimpo, filho de Cronos e de Rea, é rei dos mares.
- Como deus do mar, das águas correntes e dos lagos, ele provocava as tempestades no mar, comandava as ondas, abalava com seu tridente os rochedos, fazendo as fontes aparecerem.
- Unindo-se a Medusa ele teve o gigante Crisaor e o cavalo alado Pégaso.
ZEUS
- Chamado de “o pai dos deuses”, por que, apesar de ser o caçula de sua divina família, tinha autoridade sobre todos os deuses, dos quais era o chefe reconhecido por todos.
- Presidia aos fenômenos atmosféricos, recolhia e dispersava as nuvens, comandava as tempestades, criava os relâmpagos e o trovão.
- Era o filho mais novo do titã Cronos e de Rea, um dos doze deuses olímpicos e o mais poderoso deles.
QUESTIONANDO-SE SOBRE A PRÓPRIA EXISTÊNCIA
Irmãos
_ De vez em quando eu penso neles...
_ Quem?
_ Nos espermatozóides...
_ De vez em quando você pensa nos seus espermatozóides?
_ Nos meus, não. Nos do meu pai.
_ Você está bêbado.
_ Na noite em que eu fui concebido... suponho que tenha sido uma noite... eu era um entre milhões de espermatozóides. Mas só eu cheguei ao óvulo da mamãe. Ou seriam bilhões?
_ Acho que é óvulo mesmo.
_ Não. Os espermatozóides. São milhões ou bilhões?
_ Ahn... Não sei.
_ Não importa. Milhões, bilhões. Só eu me criei, entende? Por acaso. Isso é o mais assombroso. A gratuidade da coisa. Havia milhões, bilhões de espermatozóides junto comigo e só eu, entende?, só eu fecundei o óvulo. Não é assombroso?
_ É.
_ Você acha mesmo?
_ Acho.
_ Podia ser qualquer um, mas fui eu. Por acaso.
_ Amendoim?
_ Hein? Obrigado. Agora, me diga. Por que eu? A gratuidade da coisa. Só eu fecundei o óvulo, virei feto, nasci, me criei e estou aqui, neste bar, de gravata, bebendo. Agora me diga, o que é isso?
_É como você diz. A gratuidade da coisa.
_ Não, não. Isso que eu estou bebendo.
_ É, ahn, uísque.
_ Uísque. Pois então, aí está.
_ Ô Moacyr, vê outro aqui. O rapaz está precisando.
_ Um brinde!
_ Um brinde.
_ A eles!
_ Quem?
_ Aos espermatozóides que não chegaram ao óvulo da mamãe. Aos companheiros. Aos bravos que cumpriram sua missão e não vieram para comemorar. Aos que perderam a viagem. Aos meus irmãos!
_ Aos meus irmãos!
_ Meus irmãos. Você não estava lá.
_ Aos seus irmãos!
_ Aos milhões, bilhões que se sacrificaram para que eu pudesse viver.
_ Salve.
_ Agora me diga uma coisa.
_ Duas. Digo duas.
_ Cada espermatozóide é uma pessoa diferente, certo? Quer dizer. Em outras palavras. Se outro espermatozóide tivesse comnpletado a viagem, não seria eu aqui. Ou seria?
_ Depende.
_ Não seria. Seria outra pessoa. Outro nariz, outras idéias. Talvez até torcesse pelo América. Uma mulher! Podia ser uma mulher. Certo?
_ Não vamos exagerar...
_ Então, imagina o seguinte. Pense bem. Amendoim.
_ Amendoim. Estou pensando nele. Amendoim.
_ Não. Me passe o amendoim e pense no seguinte, Se entre os espermatozóides que me acompanharam, e que não chegaram ao óvulo, estava o cara que ia descobrir a cura do câncer? Hein? Hein?
_ Certo.
_ Mas em vez dele, eu é que cheguei. Por acaso. Ou podia ser uma mulher. Uma soprano de fama internacional. Em vez disso, deu eu. Veja a minha responsabilidade.
_ Acho que você está sendo radical._ Não. Imagina se em vez do espermatozóide que se transformou em Jânio Quadros, tivesse dado outro. A história do Brasil seria completamente diferente! É ou não é?
_ Mais ou menos.
_ Pois então. Eu me sinto culpado, entende? Acho que eu devia, sei lá. Ter feito mais da minha vida. Em honra a eles. Eu estou aqui representando milhões, bilhões de espermatozóides, cada um uma pessoa em potencial. E o que é que eu fiz da minha vida?
_ E se fosse um bandido?
_ Como?
_ Se , em vez de você, o espermatozóide que tivesse dado certo fosse uma assassino, um mau-caráter. Não quero falar dos espermatozóides do seu pai, mas num grupo de milhôes sempre tem uma ovelha estragada. Uma maçã negra. Estatísticamente.
_ Você acha mesmo?
_ Acho.
_ Sei lá.
_ E outra coisa. O que passou, passou, Não pense mais nisso.
_ Mas eu penso. De vez em quando eu penso. Os meus irmãos que não nasceram. Que nomes eles teriam? Eduardo, Gilson, Amaury, Jéssica...
_ Marco Antônio...
_ Marco Antônio... Imagine, um deles podia ser o ponta direita que o Brasil precisava em 74. Eu me sinto culpado. Você não se sente culpado?
_ Bom, eu tenho 11 irmãos.
_ Aí é diferente.
_ Por quê?
_ Não sei. Só sei que entre milhões, bilhões de espermatozóides, todos com os mesmos direitos, só eu me criei. Por acaso. Agora me diga, o que é isso?
_ É uísque.
_ Não. É a gratuidade da coisa.
_ Não sei...
_ Você está bêbado.
Luis Fernando Veríssimo. O analista de Bagé. p. 19-22
TRABALHO DE RECUPERAÇÃO - FILOSOFIA - 1º ANO
Olá pessoal, curtindo as merecidas férias?
Conforme combinamos, estou lhes enviando a atividade de recuperação do simulado. Qualquer dúvida, estou à disposição.
Um abraço a todos
Orientação:
Realização de pesquisa sobre o pensamento estóico e epicurista na filosofia greco-romana, apresentando trabalho monográfico no qual estejam presentes os pontos convergentes e divergentes entre as duas correntes filosóficas, bem como a biografia e pensamentos produzidos pelos seus principais representantes. Além disso, o aluno deverá desenvolver uma reflexãol, onde deverão ser apontadas as principais contribuições que essas correntes filosóficas trazem para a nossa vida em sociedade no mundo contemporâneo. Esse trabalho valerá 4,0 (quatro pontos).
Para complemento, acrescentar a leitura do Mito da Caverna de Platão e o Mito de Procusto, acrescentando um comentário no qual seja relacionado o teor dos dois mitos com o nosso cotidiano, a partir das seguintes questões:
1- O que representa para Platão a vida dentro da caverna?
2- Qual o papel exercido pelo filósofo na alegoria criada por Platão?
3- Podemos afirmar que para os dias atuais essa alegoria continua com a mesma conotação?
4- Existe alguma relação entre o contexto abordado no mito da caverna e no mito de Procusto?
5- O que significa nos dias de hoje deitar-se na cama de Procusto?
6- Como podemos agir para que não sejamos acometidos pelos efeitos nocivos de tal ação?
Bom trabalho a todos.
ORDEM E DESORDEM
Ordem e desordem fazem parte da formação do senso comum e dos processos da razão e, a partir desses conceitos, tratemos de efetuar uma avaliação social e histórica. Vivemos inseridos em certas ordens ou organizações (sociais, políticas, religiosas, econômicas), as quais não dependem de nossa escolha. Pensemos, pode ser que não exista desordem, mas ordens diferentes daquela que costumamos pensar que seja a ordem verdadeira, uma razão imutável, que reina imperativa. Por exemplo: a civilização ocidental é diferente da civilização oriental, o sul da América e o norte da América possuem culturas diferenciadas, ou seja, o mundo é culturalmente diverso e isto enriquece os contatos e as relações, é preciso aprender a conviver com essas diferenças para evitar confrontos, conflitos, guerras e sofrimentos.
Assim também podemos pensar a origem do pensamento moderno ocidental: uma ordem social que se construiu com elementos das mais antigas civilizações ocidentais e orientais. Entre a herança que os antigos como Sófocles, Aristófanes, Hesíodo e Homero nos legaram estão os mitos, maravilhosas narrativas sobre a origem dos tempos, que encantam, principalmente, porque fogem aos parâmetros do modo de pensar racional que deu origem ao pensamento contemporâneo. É certo que as tradições, os mitos, e a religiosidade respondiam a todos os questionamentos. Contudo, essas explicações não davam mais conta de problemas, como a permanência, a mudança, a continuidade dos seres entre outras questões. Suas respostas perderam convencimento e não respondiam aos interesses da aristocracia que se estabelecia na pólis.
Dessa forma, determinadas condições históricas, do século V e IV a.C., como o estabelecimento da vida urbana na pólis grega, as expansões marítimas, a invenção da política e da moeda, do espaço público e da igualdade entre os cidadãos gestaram juntamente com alguma influência oriental uma nova modalidade de pensamento. Os gregos depuraram de tal forma o que apreenderam dos orientais, que até parece que criaram a própria cultura de forma original.
Podemos afirmar que a filosofia nasceu de um processo de superação do mito, numa busca por explicações racionais rigorosas e metódicas, condizentes com a vida política e social dos gregos antigos, bem como do melhoramento de alguns conhecimentos já existentes, adaptados e transformados em ciência.
FILOSOFIA ANTIGA
1- ANAXIMANDRO DE MILETO – Grécia (610-547 a. C.)
- Procurou aprofundar as concepções de Tales sobre a origem de todas as coisas.
- Acreditava não ser possível eleger uma única substância material como o princípio primordial de todos os seres.
- O ápeiron (o indeterminado), seria a massa geradora dos seres, contendo em si todos os elementos contrários.
-
2-ANAXÍMENES DE MILETO – Grécia (588-524 a. C.)
- “E assim como nossa alma que é ar, nos mantém unidos, da mesma maneira o vento envolve todo o mundo”.
- Tentando uma possível conciliação entre as concepções de Tales e as de Anaximandro, conclui ser o ar o princípio de todas as coisas.
- “O ar é a própria vida, a força vital, a divindade que “anima” o mundo, aquilo que dá testemunho à respiração”.
-
3- ARISTÓTELES DE ESTAGIRA – Grécia (384-322 a. C.)
- Desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio.
- “A virtude é o meio-termo entre o excesso e a falta de um atributo qualquer”.
- “Para ser feliz o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva”.
-
4- DEMÓCRITO DE ABDERA – Grécia (460-370 a. C.)
- Responsável pelo desenvolvimento do atomismo.
- Afirmava que todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis;
- “Nada nasce do nada, nada retorna ao nada”.
-
5- DIÓGENES, O CÍNICO – Grécia (entre 400 e 25 a. C.)
- Sua filosofia consistia em desprezar a riqueza e rejeitar as convenções sociais.
- Além de morar num barril, volta e meia era visto pedindo esmolas às estátuas para, segundo ele, “se acostumar com as negativas”.
- Conta-se que ao ser indagado por Alexandre, o Grande, sobre o que mais desejava, este lhe respondeu: “ que te afastes um pouco, pois estás encobrindo o sol”.
-
6- EMPÉDOCRES DE AGRIGENTO – Grécia (490-430 a. C.)
- Defendia a existência de quatro elementos primordiais: o fogo, a terra, a água e o ar,. primordiais, os quais constituem a raiz de todas as coisas;
- “Os quatro elementos são misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos: o amor e o ódio”.
- Para ele todas as coisas existentes estão submetidas às forças cíclicas de dois princípios: o amor e o ódio.
7- EPICURO DE SAMOS – Grécia (341-270 a. C.)
- Propunha a idéia de que o ser humano deve buscar o prazer na vida.
- Distinguia entre os prazeres aqueles que são duradouros e aqueles que acarretam sofrimento, pois o prazer estaria vinculado a uma conduta virtuosa.
- Para ele o supremo prazer seria de natureza intelectual e obtido mediante o domínio das paixões.
-
8- HERÁCLITO DE ÉFESO – Grécia (aprox. 500 a. C.)
- “Tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo”.
- “O ser não é mais que o vir-a-ser”.
- “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada instante”.
9- PARMÊNIDES DE ELÉIA – Grécia (510-470 a. C.)
- “O devir não passa de uma aparência. São nossos sentidos que nos levam a crer no fluxo incessante dos fenômenos”.
- “O ser é, o não ser não é”.
- “Os homens vivem seu cotidiano no mundo da ilusão, das aparências e das sensações”.
10- PITÁGORAS DE SAMOS – Grécia (570-490 a. C.)
- “A essência de todas as coisas residem nos números, os quais representam a ordem e a harmonia”.
- Foi o primeiro a utilizar o termo filosofia.
- Prega a crença na metempsicose: migração das almas de corpo em corpo.
-
11- PLATÃO DE ATENAS – Grécia (427-347 a. C.)
- “Os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder”.
- Para explicar a evolução do processo de conhecimento utilizou-se de uma alegoria conhecida como “O mito da caverna”.
- Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve por meio da passagem do mundo das sombras e aparências, para o mundo das idéias e essências.
-
12 – PROTÁGORAS DE ABDERA – Grécia (480-410 a. C.)
- “O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são enquanto são e daquelas que não são enquanto não são”.
- É considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas.
- Conforme sua concepção toda verdade seria relativa a determinada pessoa, grupo social ou cultura.
-
13- SÊNECA – Roma (4 a. C. – 65 d. C.)
- Para ele a principal causa do sofrimento humano é a fraqueza da vontade a qual nos leva à cobiça, inveja, crueldade, ambição,etc.
- “A pessoa que domina sua vontade comanda seu destino; quem não domina sua vontade é arrastada pelo destino”.
- Sua doutrina é coerente com a moral estóica: “os homens são iguais, os males são devidos às paixões humanas.
-
14- SÓCRATES DE ATENAS – Grécia (469-399 a. C.)
- É tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega.
- Para ajudar seus discípulos a conceber suas próprias idéias, desenvolveu um método conhecido por maiêutica.
- Sob a acusação de corromper a juventude foi condenado à morte por envenenamento (cicuta).
15- TALES DE MILETO - Grécia (623-546 a. C.)
- Concluiu que a água é a substância primordial, a origem única de todas as coisas.
- “Espera do teu filho o mesmo que fizeste a teu pai”.
- É considerado o primeiro pensador grego.
-
16- ZENÃO DE ELÉIA – Grécia (488-430 a. C.)
- Pretendia mostrar que a própria noção de movimento era inviável e contraditória.
- Notabilizou-se sobretudo por seus paradoxos acerca do tempo (corrida de Aquiles contra uma tartaruga).
- “O que se move sempre está no mesmo agora”.
ATIVIDADE DE PESQUISA 1ª SÉRIE
Bom dia pessoal.
Conforme combinamos aqui vai a relação de temas para pesquisa visando a atividade na próxima aula. Lembrando que é para levarem o maior acervo possível afim de que o trabalho possa ser bem desenvolvido.
Boa pesquisa a todos.
temas: relação sujeito objeto do processo de conhecimento; Realismo; Idealismo; possibilidade do conhecimento; a capacidade de conhecer a verdade; ceticismo absoluto; ceticismo relativo; dogmatismo; criticismo; empirismo; racionalismo e apriorismo kantiano.
PROPOSTA DE TRABALHO PARA REPOSIÇÃO DE AULAS
FILOSOFIA 1ª e 3ª SÉRIEs – 4 AULAS
Realização de pesquisa sobre o pensamento estóico e epicurista na filosofia greco-romana, apresentando trabalho monográfico no qual estejam presentes os pontos convergentes e divergentes entre as duas correntes filosóficas, bem como a biografia e pensamentos produzidos pelos seus principais representantes. Além disso, o aluno deverá desenvolver uma reflexãol, onde deverão ser apontadas as principais contribuições que essas correntes filosóficas trazem para a nossa vida em sociedade no mundo contemporâneo.
Para os alunos da primeira série, sugiro acrescentar a leitura do Mito da Caverna de Platão e o Mito de Procusto, acrescentando um comentário no qual seja relacionado o teor dos dois mitos com o nosso cotidiano, a partir das seguintes questões:
1- O que representa para Platão a vida dentro da caverna?
2- Qual o papel exercido pelo filósofo na alegoria criada por Platão?
3- Podemos afirmar que para os dias atuais essa alegoria continua com a mesma conotação?
4- Existe alguma relação entre o contexto abordado no mito da caverna e no mito de Procusto?
5- O que significa nos dias de hoje deitar-se na cama de Procusto?
6- Como podemos agir para que não sejamos acometidos pelos efeitos nocivos de tal ação?
Bom trabalho a todos.
Para aprimorar as nossas discussões filosóficas...

ATIVIDADE PARA RECUPERAÇÃO
Olá meus amigos. Contava me encontrar com você nesta semana, mas infelizmente vamos ter que esperar mais um pouco. Para aproveitar o tempo estou lhes remetendo o tema para o trabalho de recuperação para aqueles que tiraram nota inferior a sete na avaliação sobre Sócrates. Até breve.
Apologia de Sócrates
O papel do filósofo
Platão
[...] Talvez alguém diga: “Sócrates, será que você não pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quieto, calado?”. Ora, eis a coisa mais difícil de convencer alguns de vocês.
[1] Pois se eu disser que al conduta seria desobediência ao deus e que por isso não posso ficar quieto, vocês acharão que estou zombando e não acreditarão.
[2] E se disser que falar diariamente da virtude e das outras coisas sobre as quais me ouvem falar e questionar a mim e a outros é o bem maior do homem e que a vida que não se questiona não vale a pena viver, vão me acreditar menos ainda.
E assim é, senhores, mas não é fácil convencê-los.
Além do mais, não estou acostumado a pensar que mereço punição alguma. Se tivesse dinheiro proporia uma multa, a maior que pudesse pagar, pois isso não me causaria nenhum dano. Mas o fato é que não tenho dinheiro, a não ser que queiram impor uma multa que eu possa pagar. Talvez eu possa pagar uma mina de prata [100 dracmas]. De modo que proponho essa penalidade. Mas Platão aqui presente, atenienses, e Críton, Critóbulo e Apolodoro aconselham-me a propor trinta minas, oferecendo-se como fiadores. Então proponho uma multa nesse valor e estes homens serão meus fiadores mais que suficientes.
Não passará muito tempo, atenienses, e serão conhecidos e acusados pelos detratores do Estado como assassinos de Sócrates, um sábio; pois sabem que quem quiser difamá-los dirá que fui sábio, embora não o seja.
Agora, se tivessem esperado um pouco, o que desejam teria ocorrido espontaneamente: pois vêem como estou velho, quão avançado em anos e próximo da morte. E a eles também tenho algo a dizer.
Talvez pensem, senhores, que fui condenado por me faltarem as palavras que os teriam feito absolver-me caso achasse correto fazer e dizer tudo para conseguir a absolvição. Longe disso. E no entanto foi por uma falta que me condenaram, não todavia uma falta de palavras, mas de cinismo e descaramento, além da falta de vontade de dizer-lhes as coisas que vocês mais gostariam de ouvir. Vocês gostariam de me ouvir gemer e lamentar e dizer e fazer coisas que insisto, são indignas de mim – coisas que vocês estão acostumados a ouvir de outros.
Mas, não achei que devesse, ante o perigo em que me encontrava, fazer coisa alguma indigna de um homem livre, nem me arrependo agora de ter feito minha defesa como fiz, mas prefiro morrer depois de uma defesa dessas do que viver depois de uma defesa de outro tipo. Pois nem no tribunal nem na guerra devemos, eu ou qualquer outro homem, tentar escapar da morte seja qual for o preço.
Nas batalhas é muito comum um homem evitar a morte depondo as armas e implorando misericórdia aos perseguidores; e há muitas outras maneiras de escapar à morte ante perigos diversos quando se aceita fazer e dizer qualquer coisa.
Ms, senhores, não é difícil escapar à morte; muito mais difícil é escapar a iniqüidade, pois essa corre mais do que a morte. E agora que sou velho e lento, me alcança a mais vagarosa das duas, enquanto meus acusadores, espertos e rápidos, são alcançados pela mais veloz.
Ora, pois, irei embora, condenado por vocês e sentenciado à morte, e eles serão condenados pela verdade, por vilania e erro. Espero a minha pena; eles, a deles. Talvez as coisas tivessem que ser assim e acho que estão bem.
E agora desejo fazer uma profecia a vocês que me condenaram: pois me encontro agora no momento em que os homens mais profetizam, que é pouco antes da morte. Digo-lhes, homens que me executam, que o castigo recairá sobre vocês logo após a minha morte, muito mais atroz que o castigo que me impõem. Porque fazem isso comigo na esperança de não ter que prestar contas de suas vidas, mas lhes digo que o resultado será bem diferente. Aqueles que irão forçá-los a prestar contas serão em número bem maior do que o foram até aqui – homens a quem refreei, embora vocês não soubessem disso – e muito mais duros, na medida mesma em que mais jovens, e vocês ficarão mais ofendidos. Porque se pensam que condenando homens à morte evitam a reprovação dos seus atos errôneos, estão enganados. Essa escapatória de modo algum é possível nem honrosa; a saída mais fácil e digna não é eliminar os outros, mas tornar-se bom ao próximo. E com essa profecia para os que me condenaram, retiro-me.
Mas aos que votaram pela minha absolvição gostaria de falar sobre o que me aconteceu, enquanto as autoridades estão ocupadas e antes que chegue a hora de ir para o lugar onde devo morrer. Esperem comigo até lá, meus amigos, pois nada impede que conversemos enquanto ainda há tempo.
Sinto que vocês são meus amigos e quero lhes mostrar o significado disso que me sucedeu.
Pois, juízes – e chamando-os assim dou-lhes o nome correto –, uma coisa maravilhosa aconteceu comigo. Pois te aqui o oráculo costumeiro me falou com freqüência, opondo-se a mim até nas menores questões se acaso eu pretendesse fazer algo que não devia; mas agora, como vêem, recaiu sobre mim esse que deve ser e é geralmente considerado maior dos males; e o sinal divino não se me opôs nem quando saí de casa de manhã nem quando cheguei aqui ao tribunal ou em qualquer momento do meu discurso, embora em outras ocasiões tenha muitas vezes interrompido minhas palavras; agora, porém, neste caso, não se opôs a coisa alguma que eu quis fazer ou dizer.
Que razão suponho para isso?
Vou dizer-lhes.
Isso que me aconteceu é sem dúvida uma coisa boa e os que acham a morte um mal devem estar enganados. Prova disso, convincente, me foi dada, pois com certeza teria deparado o costumeiro sinal de oposição se não estivesse indo o encontro de alguma coisa boa.
Vejamos, também, de outra forma como há bom motivo para esperar que seja uma boa coisa. Pois, de duas, uma:
[1] ou a morte é um nada e assim o morto não tem consciência de coisa alguma;
[2] ou, como diz o povo, é uma mudança de estado, uma migração da alma deste lugar para outro.
Se for inconsciência, como um sono em que sequer sonhamos, a morte é um ganho maravilhoso. Pois acho que se comparasse uma noite de sono sem sonhos com as outras noites e dias de sua vida, depois de pensar bem, quantos dias e noites teve na vida mais agradáveis do que aquela, qualquer pessoa – e não somente o homem comum, mas mesmo o grande Rei da Pérsia – veria que foram poucos. Portanto, se tal for a natureza da morte, creio que é lucro, pois nesse caso toda a eternidade não parecerá mais que uma noite.
Mas, por outro lado, se a morte é, por assim dizer, uma mudança de casa daqui para algum outro lugar e se, como afirmam, todos os mortos estão lá, que bênção maior poderia existir juízes? Pois, se ao chegar no outro mundo, deixando para trás os que se dizem juízes, o homem vai encontrar os verdadeiros juízes que ali se reuniriam em julgamento, Minos, Radamanto, Éaco, Triptólemo e todos os outros semideuses que forma homens justos em via, seria indesejável a troca de moradia? Ora, o que não dariam vocês para encontrar Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero? Quero morrer muitas vezes se tudo isso for verdade, pois acharia a vida lá maravilhosa ao encontrar Palamedes e Ájax Telamônio ou quaisquer dos antigos que perderam a vida por julgamento injusto e comparar minha experiência com a deles. Acho que isso não seria desagradável.
E o maior prazer seria passar o tempo analisando e investigando as pessoas de lá, como faço com as daqui, para descobrir quem é sábio e quem pensa que é, mas não é.
Quanto vocês não dariam, juízes, para investigar aquele que comandou o grande exército contra Tróia ou Odisseu, Sísifo e inúmeros outros homens e mulheres que eu poderia mencionar?
Reunir-se e conversar com eles, estudá-los, seria imensa felicidade. Pelo menos as pessoas lá não matam gente por causa disso, pois, se é verdade o que diz o povo, são para sempre imortais, além de mais felizes sob aspectos que os homens daqui.
Mas vocês também juízes, devem encarar a morte com esperança e não perder de vista esta verdade única: que nenhum mal pode atingir um homem bom, seja em vida ou após a morte, pois Deus não o abandona. Portanto, também isso que me aconteceu não foi por acaso; vejo plenamente que é melhor para mim morrer agora e ficar livre dos problemas.
Foi por essa razão que o sinal não interferiu e não estou de forma alguma zangado com os que me condenaram ou acusaram. No entanto, não foi com isso em mente que eles me acusaram e condenaram, mas pensando em me ferir. Pelo que merecem a culpa.
Faço-lhes, porém, esta petição: punam meus filhos quando eles crescerem, senhores, perturbando-os como eu perturbei vocês; caso lhes pareça que eles se preocupam menos com a virtude do que com dinheiro ou outra coisa qualquer e pensam ser mais do que são, repreendam-nos como eu repreendi vocês por se preocuparem com o que não deveriam e acharem que significam alguma coisa quando não valem nada. Se fizerem isso, tanto eu quanto meus filhos teremos recebido o justo tratamento.
É chegado, porém, o momento de partir.
Vou morrer e vocês viverão, mas só Deus sabe a quem cabe o melhor quinhão.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
1- Segundo Sócrates, qual o papel do filósofo?
2- Como podemos entender a afirmação de Sócrates de que “a vida sem reflexão não vale a pena sr vivida”?
3- Como Sócrates responde às acusações que lhe são feitas?
CRÍTON
Sócrates e as leis de Atenas
(50) S - Daí, presta atenção. Saindo daqui, desobedientes à cidade, lesamos a alguém e logo a quem menos devemos lesar, ou não? E cumprimos as convenções justas que firmamos, ou não?
C- Não sei responder a tuas perguntas, Sócrates; não as estou compreendendo.
S- Bem, reflete no seguinte. Se, no momento em que eu estivesse para me avadir daqui, ou como quer que se diga, chegassem as Leis e a Cidade, assomassem perguntado: "Dize-nos, Sócrates: que pretendes fazer? Que outra coisa meditas, com a façanha que intentas, senão destruir-nos a nós, as Leis e toda a Cidade, na medida de tuas forças? Acaso imaginas que ainda possa subsistir e não esteja destruída uma cidade onde nenhuma força tenham as sentenças proferidas, tornadas inoperantes e aniquiladas por obra de simples particulares?" - Que responder, Críton, a essas e semelhantes perguntas? Muitos argumentos poderiam ser aduzidos, sobretudo por um orador, em defesa da lei por nós violada que estabelece a autoridade das sentenças proferidas. Acaso responderei que a Cidade me agravou, não me julgou, conforme a justiça? Direi isso? Direi o quê?
C- Isso mesmo, por Zeus, ó Sócrates!
S- E se então, as Leis dissessem: "Sócrates, o que convencionaste conosco foi isso, ou que submeterias às sentenças que a Cidade proferisse?" Se me admirasse dessa pergunta, diriam, talvez: "Sócrates, não te admires de nossas perguntas, mas responde-nos, porque tu também costuma lançar mão de perguntas e respostas. Vamos, pois; qual queixa contra nós e contra a Cidade, que te move à nossa destruição? Para começar, não fomos nós que te demos nascimento e não foi por nosso intermédio que teu pai desposou tua mãe e te gerou? Dize: apontas algum defeito naquelas dentre nós que regulam os casamentos? Achas que não estão bem feitas? - Não aponto defeitos, diria eu. - Então nas que regulam a criação e educação do filho, que também recebeste? Aquelas que de nós regem a matéria, ao mandarem que teu pai te ensinasse música e ginástica, não o fizeram com acerto? - Fizeram, diria eu. - Bem; depois que nasceste, que te criaram e que educaram, poderia, de começo, negar que nos pertences, como filho nosso e nosso escravo, assim tu com teus ascendentes? E, se assim é, julgas ter ao menos os mesmos direitos que nós? julgas ter o direito de fazer-nos em represália o mesmo que tentamos fazer a ti? Ora, em face do teu pai não terias os mesmos direitos, nem em face de teu amo, se amo tivesse, para retaliar o que te fizessem, nem para revidar doesto por doesto, golpe por golpe, nem para outros desforços; mas, em face da pátria e das Leis, se tentarmos destruir-te por assim acharmos de justiça, terás o direito de tentar, da tua parte também, (51) dentro das tuas forças, destruir-nos em desforra a nós, as Leis e a pátria? e dirás que, assim procedendo, obras com justiça tu, que verdadeiramente tomas a virtude a sério?! Que sabedoria é a tua, se ignoras que, acima de tua mãe, teu pai e todos os outros teus ascendentes, a pátria é mais respeitável, mais venerável, mais sacrossanta, mais estimada dos deuses e dos homens sensatos? que se deve mais veneração, obediência e carinho a uma pátria agastada do que a um pai? que o dever é ou dissuadi-la ou cumprir seus mandados, sofrer quietamente o que ela manda sofrer, sejam espancamentos, sejam grilhões, seja a convocação para ser ferido ou morto na guerra? Tudo isso deve ser feito e esse é o direito - não esquivar-se; não recuar; não desertar o posto; mas, quer na guerra, quer no tribunal, em toda a parte, em suma, cumpre ou executar as ordens da cidade e da pátria ou obter a revogação palas vias criadas do direito. É impiedade usar de violência contra a mãe e o pai, mas ainda muito pior contra a pátria do que contra eles." Que responderei a isso, Críton? Que as Leis dizem a verdade, ou que não?
C- Acho que sim.
S- "Vê, portanto, Sócrates" diriam talvez as Leis, " temos razão em tachar de injusto o que intentas fazer-nos agora. Nós que te geramos, te criamos, te educamos, te admitimos à participação de todos os benefícios que podemos proporcionar a ti e a todos os demais cidadãos, sem embargo, proclamamos termos facultado ao ateniense que o quiser, uma vez entrada na posse dos direitos civis e no conhecimento da vida pública e de nós, as Leis, se não formos de seu agrado, a liberdade de juntar o que é seu e partir para onde bem entender. Se, por não lhe agradarmos nós e a cidade, algum de vós quiser rumar para uma colônia ou quiser fixar residência em qualquer outro país, nenhuma de nós, as Leis, o impede ou proíbe de seguir para onde lhe parecer, levando o que é seu. Mas quem dentre vós aqui permanece, vendo a maneira pela qual distribuímos justiça e desempenhamos as outras atribuições do Estado, passamos a dizer que convencionou conosco de fato cumprir nossas determinações; desobedecendo-nos, é réu tresdobradamente: porque a nós que o geramos não presta obediência; porque não o faz a nós que o criamos e porque, tendo convencionado (52) obedecer-nos, nem obedece nem nos dissuade se incidimos nalgum erro; nós propomos, não impomos com aspereza o cumprimento de nossas ordens, e facultamos a escolha entre persuadir-nos do contrário e obedecer-nos; ele, porém, não faz nem uma coisa nem outra. Tais são os crimes, Sócrates, em que, se puserem em prática o teu plano, te declaramos incurso, mais do que os outros atenienses." Se então eu perguntasse: "Como assim?", talvez ralhassem comigo com razão, dizendo estar eu mais do que os outros atenienses preso àquele compromisso para com elas. Diriam: " Dispomos, Sócrates, de fortes provas de que nós e a cidade somos do teu agrado. Tu não terias assistido nela mais do que todos os outros atenienses, se ela não te agradasse mais do que a todos; mas nem para uma festa jamais saíste da cidade, salvo uma única vez para os jogos do Istmo; nem para qualquer lugar do exterior, a não ser como combatente; nem outra viagem jamais empreendeste, como os demais, nem te deu vontade de conhecer outras cidades e outras leis, mas nós e nossa cidade te havemos bastado, a tal ponto nos preferias e convinhas em seres cidadãos sob a nossa soberania. Por sinal que até geraste filhos nela, dando a entender que a cidade te agradava. Demais, mesmo durante o processo, se quisesses, podias obter a condenação ao exílio e fazer então, com o consentimento da cidade, o que pretendes fazer agora sem ele. Então, bravateavas tu que não te revoltarias, se houvesses de morrer; ao contrário, preferias, com declaravas, a morte ao exílio; mas agora não fazes honra àquelas palavras, nem hesitas na tentativa de aniquilar a nós, as Leis; fazes o que faria o mais vil dos escravos, tentando a fuga contra as convenções e acordos, pelos quais te obrigaste para conosco aos deveres de cidadão. Reponde-nos primeiro a esta pergunta: é verdade o que dizemos quando afirmamos que te obrigaste aos deveres de cidadão sob nosso império, não em palavras, mas de fato, ou é mentira?" - Que hei de dizer a isso, Críton? Posso discordar?
C- Forçosamente que não, Sócrates.
S- "Que fazes", diriam, "senão ladear as convenções e acordos que conosco firmaste sem coação, sem engodo, sem a urgência de resolver em tempo exíguo, mas através de setenta anos, durante os quais te era facultado emigrar, se nós te desprazíamos e se descobrisses serem injustas as convenções? Mas tu não preferiste nem Esparta nem Creta, que vives dizendo dotadas de boas leis, nem qualquer das (53) outras cidades, gregas ou estrangeiras; daqui não te afasta-te mais do que os coxos, os cegos e outros mutilados, tanto, mais do que aos outros atenienses, te agradava a cidade, bem como nós, as Leis, evidentemente; pois a qual agradaria uma cidade com exceção das leis? Agora, porém, não é? não manténs os compromissos! Sim Sócrates, tu os manterás, se nos atenderes, e não te sujeitarás ao ridículo de abandonar a cidade. Vamos, reflete; ladeando os compromissos e cometendo semelhante falta, que benefício trarás para ti e para teus amigos? Que teus amigos também correrão o perigo serem exilados e privados de cidadania e de seus bens, está fora de dúvida; quanto a ti, para começar, se partires para uma das cidades mais próximas - digamos Tebas ou Mégara, que ambas têm boas leis- ali entrarás, Sócrates, como inimigo de suas instituições; todos quanto zelam por suas cidades te olharão de través, como um destruidor das leis; consolidarás a reputação de teus juízes, de sorte que pareçam haver-te julgado escorreitamente, porque todo violador das leis bem pode ser tido como corruptor dos jovens e dos levianos. Ou acaso evitarás, as cidades de boas leis e os homens mais morigerados? E valerá a pena viveres com esse comportamento? Ou entrarás em contato com eles e discorrerás, sem acanhamento... sobre o que, Sócrates? Sobre os teus assuntos daqui? Sobre o supremo valor que tem para a humanidade a virtude, a justiça, assim como a legalidade e as leis? E não achas que o papel de Sócrates se manifestará indecoroso? Tens de achar. Admitamos que, afastando-se desses lugares, vás para a Tessália, para junto dos hóspedes de Críton, porque lá sobeja a desordem e a licença, e quiçá gostariam de te ouvir contar como foi cômica a tua fuga da prisão, em travesti, metido num surrão de couro ou noutro disfarce habitual dos evadidos, e dissimulando esse jeito que é teu. Não haverá quem diga que, homem de idade, com pouco tempo provável de vida, não te pejaste de te agarres tão pegajosamente à existência, burlando as leis mais veneráveis? Talvez, se não magoares a ninguém; caso contrário, irás ouvir, Sócrates, indignidades incontáveis. Viverás de granjear o favor de toda gente, assujeitado, a fazer o quê? senão levar a vida regalada na Tessália como se lá tivesse ido para um banquete? E aquelas palestras sobre a justiça e outras formas de virtude? (54) Por onde nos andarão elas? oh! sim, é por amor dos filhos que desejas viver, para os criares e educares! Mas, daí? Vais levá-los para Tessália, torná-los estrangeiros de criação e formação, para que te fiquem devendo mais esse benefício? Ou não será assim? Será que, estando tu vivo e sento eles criados aqui, terão melhor criação e formação sem a tua companhia, pois teus amigos é quem cuidarão deles? Então, se partires para a Tessália, eles cuidarão, mas não hão de cuidar se partires para Hades? Se tem algum préstimo deveras os que protestam, amizade, hás de admitir que sim. Não, Sócrates; ouve-nos a nós que te criamos: não sobreponhas à justiça nem teus filhos, nem tua vida, nem qualquer outra coisa, para que, chegado ao Hades, possa alegas todas essas justificações perante os que lá governam. Está claro que, com aquele procedimento, aqui não será melhor, nem mais justo, nem mais pio, para ti nem para nenhum dos teus; nem lá será melhor, quando tiveres chegado. Presentemente, partirás, se partires vítima de injustiça, não nossa, das Leis, mas dos homens; se porém te evades, retribuindo assim vergonhosamente a injustiça, o dano com o dano, logrando próprios compromissos e acordos conosco, em detrimento daqueles a quem menos devias lesar, de ti próprio, de teus amigos, da tua pátria e nosso, nós, enquanto viveres, estaremos indignadas contigo e, lá embaixo, nossas irmãs, Leis de hades, não hão de te acolher com benevolência, sabedoras do que nos procuraste arruinar na medida de tuas forças. Oh! Não! não possa mais Críton persuadir-te a fazer o que ele dia com mais força do que nós !" Essa recriminação, Críton, meu querido companheiro, fica certo, parece-me que as estou ouvindo, tal como aos coribantes parece estarem ouvindo o som das flautas; é a ressonância mesma dessas palavras que zumbe no meu íntimo e não me deixa ouvir a outrem. Por isso, acredita-me, tanto quanto creio agora, o que disseres em sentido diverso, di-lo-ás em vão. No entanto, se esperas algum resultado, podes falar.
C- Não, Sócrates; não tenho o que dizer.
S- Então desista, Críton, procedamos daquela forma, porque tal é o caminho por onde a divindade nos guia.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
1- Por que, segundo Sócrates, é importante ouvir as leis de Atenas?
2- Quais os argumentos que as leis de Atenas contrapõem à proposta de Críton para que Sócrates fuja para o exílio?
3- A condenação de Sócrates, tendo sido injusta, permite que ele escape da sentença de morte e fuja para o exílio, como quer Críton, ou a fuga significa responder a uma injustiça com outra? Qual o argumento de Sócrates a esse respeito?

SÓCRATES DE ATENAS
"Só sei que nada sei." Com essas palavras Sócrates reagiu ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontara como o mais sábio de todos os homens. O pensador foi o primeiro do gnde filósofos gregos, que incluía ainda Platão e Aristóteles, a estabelecer, na Grécia antiga, os fundamentos filosóficos da cultura ocidental.
Sócrates nasceu em Atenas por volta do ano 470 a.C. Era filho de uma parteira, Fenarete, e de Sofronisco, homem bem relacionado nos meios políticos da cidade. Como não deixou obras esas, tudo o que se sabe de sua vida e de suas idéias é o que relatam principalmente autores como Platão e Xenofonte. Segundo os escritos de Íon de Quios e Aristóxenes, Sócrates teria estudado com Arquelau, discípulo de Anaxágoras, o primeiro filósofo importante de Atenas. Na juventude, participou de várias batalhas da guerra do Peloponeso. Casou-se tardiamente com Xantipa e teve três filhos.
Sócrates era o oposto do ideal clássico de beleza: tinha o nariz achatado, os olhos esbugalhados e a barriga saliente. Sempre cercado de jovens discípulos, gozava de muita popularidade em Atenas, embora seus ensinamentos também lhe valessem grande número de inimigos. Passava a maior parte do tempo ensinando em lugares públicos, como praças, mercados e ginásios, mas ao contrário dos filósofos profissionais -- os sofistas, que combatia com vigor -- não cobrava por suas lições. Evitava intervir diretamente em assuntos políticos. Pelo menos uma vez, no entanto, entre 406 e 405 a.C., integrou o conselho legislativo de Atenas. Em 404 a.C., arriscou a vida por recusar-se a colaborar em manobras políticas arquitetadas pela dinastia dos Trinta Tiranos, que governava a cidade.
Pensamento. Segundo palavras de Cícero, "Sócrates fez a filosofia descer dos céus à terra". Antes, os filósofos buscavam obsessivamente uma explicação para o mundo natural, a physis. Para Sócrates, no entanto, a especulação filosófica devia se voltar para outro assunto, mais urgente: o homem e tudo o que fosse humano, como a ética e a política.
Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse suas limitações. "Conhece-te a ti mesmo" era seu lema. Para ele, a melhor maneira de abordar um tema era o diálogo: por meio do método indutivo que denominou "maiêutica", numa alusão ao ofício de sua mãe, era possível trazer a verdade à luz. Assim, ele se voltava para os outros -- quer fossem um adolescente como Lísias, um militar como Laques ou sofistas consagrados como Protágoras e Górgias -- e os interrogava a respeito de assuntos que eles julgavam saber. Seu senso de humor confundia os interlocutores, que acabavam confessando sua ignorância, da qual Sócrates extraía sabedoria.
O exemplo clássico da aplicação da maiêutica é o diálogo platônico intitulado Mênon, no qual Sócrates leva um escravo ignorante a descobrir e formular vários teoremas de geometria. A indução, finalmente, consiste na apreensão da essência (do universal que se acha contido no particular), na determinação conceitual e na definição. Não se trata, para Sócrates, de definir a beleza do cavalo, dos objetos inanimados, do escudo, da espada ou da lança, por exemplo, mas a beleza em si mesma, em sua essência ou determinação universal. Segundo Aristóteles, a indução e a definição podem ser atribuídas a Sócrates, cujo pensamento, a rigor, não se confunde com o de Platão. A teoria socrática das essências, no entanto, preparou a teoria platônica das idéias.
Desinteressado da física e preocupado apenas com as coisas morais, a antropologia socrática é a essência capaz de regular a conduta humana e orientá-la no sentido do bem. A virtude supõe o conhecimento racional do bem, razão pela qual se pode ensinar. O que há de comum entre todas as virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder da alma sobre o corpo, a temperança ou o domínio de si mesmo. Possibilitando o domínio do corpo, a temperança permite que a alma realize as atividades que lhe são próprias, chegando à ciência do bem. Para fazer o bem basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, isto é, o bem. Assim, o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.
Sócrates lançou as bases do racionalismo idealista, que seu discípulo Platão desenvolveu mais tarde em sua teoria das idéias. O método e as intenções de Sócrates constituíram o início da reação helênica contra o relativismo defendido pelos sofistas, que tinha levado o pensamento filosófico à ruína. Diante do crescente individualismo e da crise de valores que ameaçavam a democracia ateniense, depois do declínio do culto às divindades gregas, questões sobre a melhor forma de governo e a moral individual tornaram-se prementes. Entretanto, a resposta de Sócrates, que pregava um sistema moral absolutamente alheio às doutrinas religiosas e admitia a aristocracia -- governo dos melhores -- como a forma desejável de administração do estado, fez com que se indispusesse com as autoridades conservadoras, o que lhe custou a vida.
Condenação à morte. No ano 399 a.C., Sócrates foi acusado de corromper a juventude e desdenhar o culto aos deuses tradicionais. Ao que parece, a acusação fora motivada pelo fato de ter sido ele o educador de Alcibíades e Crítias, considerados traidores da democracia. O processo foi montado de modo a forçar o pensador a contrariar suas idéias e a retratar-se. A maioria dos comentadores concorda que ele teria sido poupado se não se mostrasse tão inflexível.
Sócrates manteve diante do tribunal a mesma postura irônica de sempre, o que aumentou a irritação dos juízes. À tradicional pergunta sobre qual pena o réu considerava justa para si próprio, Sócrates respondeu que, tendo prestado tantos serviços à cidade, achava justo receber uma pensão vitalícia do estado. Além disso, declarou que não aceitaria o degredo. Foi o bastante para que o tribunal o condenasse à morte.
A sentença, envenenamento com cicuta, foi executada tempos depois. Na prisão, continuou a receber amigos e discípulos para debater assuntos como a morte e a imortalidade da alma. Rejeitou vários planos de fuga elaborados por Critão e outros amigos. Suas últimas palavras foram para encomendar o sacrifício de um galo a Esculápio, o deus a quem se atribuía a cura da fadiga e dos males da vida.
Encyclopaedia Britannica
SÓCRATES
• Sócrates
• Sócrates de Atenas (470 a.C. - 399 a.C), de origem pobre e humilde era filho de um escultor – Sofronisco e de uma parteira – Fenareta.
• Importância do Pensamento Socrático: Mudança de foco no questionamento filosófico → O homem e seu comportamento tornam-se objeto principal de sua investigação (antropologia).
• Pai da Filosofia Preocupação ética e moral.
• Para Sócrates, a Filosofia não é uma profissão e sim “um modo de vida”. Foi condenado à morte (tomou um veneno chamado cicuta) por acusação de corromper a
juventude, violar as leis da cidade e introduzir novas divindades em Atenas.
• Método Socrático
• Constitui-se em contribuir para tirar o indivíduo da sua ignorância. Constitui-se de duas fases.
1-Exortação ou protréptico: Sócrates convida o interlocutor a filosofar, a buscar a verdade.
2- Indagação – elénkos: Sócrates faz perguntas, comentando as respostas e voltando a perguntar, caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada.Tais perguntas dividem-se em duas partes:
a) IRONIA (Eironéia ou Refutação) = Demonstrar ao indivíduo através de perguntas a sua ignorância.
*Mostrar que o interlocutor é cheio de preconceitos, opiniões subjetivas, imagens sensoriais acatadas, enganos, etc.
b) MAIÊUTICA (Parturição: Em grego: “arte de dar a luz”, PARTO DE “IDÉIAS”)= Provar ao homem pelo método dialógico que ele é capaz de chegar à definição do verdadeiro conceito (Parir idéias)
• Frase Célebre: “Conhece-te a ti mesmo”. “Sei que nada sei.”
* A ciência (episteme) socrática resulta do método e significa “conhecimento autêntico e racional”.
• Conhecimento → Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram conseqüência da própria ignorância.
• Nunca proclamou ser sábio.
• Virtude → Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material.
• Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população.
• Ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas.
• Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.
ÉticaSócrates interessava-se por assuntos humanos, reconduzindo a sabedoria a uma investigação sobre a vida e os costumes, os bens e os males humanos. Por isso, desde a antiguidade foi reconhecido como o fundador da filosofia enquanto Ética, isto é, um saber que trata fundamentalmente dos fins da vida humana.
TRABALHO DE RECUPERAÇÃO
Oi pessoal
Estou disponibilizando o tema do trabalho de recuperação para aqueles que tiraram nota abaixo da média.
Por favor providencie para que ele seja entregue na nossa próxima aula.
TEMA:
Elaborar uma pesquisa sobre o início da Filosofia, na qual caracterizado o local, e as pricipais preocupações existentes no período em que ela surgiu. Além disso deve conter informações sobre pelo menos dez filósofos pré-socráticos (filósofos da natureza), constando o seguinte:
- nome;
- período em que viveu;
- local em que viveu;
- escola filosófica a que pertenceu;
- pricipais ideias desenvolvidas;
- importância dessas ideias para a filosofia daquele período;
- importância dessas ideias para a humanidade da atualidade.
OBS.: O TRABALHO DEVERÁ SER APRESENTADO NO MODO CIENTÍFICO.
Um abraço
Prof. Aparecido
TEXTO DE SOBRE SOFISMAS
O CORAÇÃO TEM RAZÕES QUE A RAZÃO DESCONHECE
As personagens e suas características:
Pedro: adolescente astuto, intelectual, perspicaz. Nele, a razão predomina sobre a emoção. Possuía fortes “razões” para namorar Vera, uma vez que a emoção, por si só não levaria a nada.
João: jovem alegre, agradável, mas de cabeça vazia; andava sempre junto de Vera, dando a entender possível namoro.
Vera: uma gatinha de 16 anos sempre na moda, e alegre.
Na hora do recreio, no pátio do colégio Pedro aproxima-se de João e pergunta:
── Por que você está triste João? Está doente?
Não, cara, é que eu não tenho uma moto. Já pensou quantas garotas eu não conquistaria com uma 250 cilindradas?
── Nenhuma amigo, nenhuma do porte estético de Vera. Se você tivesse uma moto, só conquistaria “patricinhas” ou “ peruas” , pois as pessoas atraem pelo que são e não pelo que têm – respondeu Pedro.
── Eu faria qualquer coisa para conseguir uma moto. Qualquer coisa!
Pedro sabia que João e Vera eram muito chegados e, por isso, perguntou:
── João você namora a Vera?
── Acho que ela é legal, mas não sei se isso poderia ser considerado um namoro. Por quê?
Passado o mês das férias, julho, ambos retornaram ao colégio e continuaram a conversa:
── Já conseguiu a moto, João?
── Não, Pedro, não tenho dinheiro para comprá-la.
── Pois eu tenho uma moto. Meu irmão mudou-se para os Estados Unidos e deixou-a para mim. Como eu não gosto de moto...
── Mas que legal, cara! Quando eu posso buscá-la?
── Hoje mesmo, se quiser. Mas, para ficar com ela terá que me dar sua coleção de livros e revistas.
── Fechado, cara. Eu não leio mesmo...
── Mas há uma condição: não me impeça de tentar conquistar a Vera.
── Fechadíssimo, irmão!
Pedro, ajudado por João, marca um encontro com Vera na quadra de peteca do colégio. Fica decepcionado com a ignorância de Vera e decide ensinar-lhe lógica.
No encontro seguinte, Vera pergunta a Pedro:
── Sobre o que conversaremos?
── Lógica. Lógica é a ciência do pensamento. Para pensar corretamente, devemos antes considerar alguns erros comuns de raciocínio chamados sofismas ou falácias. Primeiro vamos examinar o sofisma chamado generalização não-qualificada. Por exemplo: “ Leite é bom para a saúde. Por isso todos devem tomar leite.”
── Eu concordo – disse ela séria-. Acho que leite é ótimo para todo mundo.
── Vera, esse argumento é um sofisma. Quer ver? Se você tivesse alergia a leite, ele seria um veneno para você. Por isso, o correto seria dizer: “Leite, geralmente, é bom para a saúde”. Entendeu?
── Não. Mas continue falando.
── O próximo sofisma é chamado generalização apressada. Preste atenção: “Você não sabe falar grego. Eu não
sei falar grego. João não sabe falar grego. Então devo concluir que ninguém, no colégio, sabe falar grego”.
── É mesmo? – perguntou Vera, surpresa – Ninguém?
── Esse é outro sofisma. A generalização foi feita de maneira muito apressada. A conclusão se baseou em exemplos insuficientes.
── Ei, você conhece outros sofismas? É mais engraçado do que dançar!
── Bem, então escute o sofisma chamado ignorância de causa: “Alexandre viu um gato preto antes de escorregar. Logo, ele escorregou porque viu um gato preto”.
── Eu conheço um caso assim – disse ela – Bernadete viu um gato preto e logo depois o namorado dela teve um acidente de ...
── Mas Vera, esse também é um sofisma. Gatos não dão azar. Alexandre não escorregou porque viu um gato preto. Se você culpar o gato, será acusada de ignorância de causa.
── Nunca mais farei isso, prometo. Você ficou zangado?
── Não, não fiquei.
── Então fale mais sobre os sofismas.
── Certo. Vamos tentar as premissas contraditórias.
── Sim, vamos.
── “Se Deus é capaz de fazer qualquer coisa, pode criar uma pedra tão pesada que ele próprio não consiga carregar?”
── Claro! – ela respondeu prontamente.
── Mas se ele pode fazer qualquer coisa, também pode levantar a pedra ...
── É mesmo! Bem, então acho que Ele não pode fazer a pedra.
── Mas Ele pode fazer tudo!
Ela balançou a cabeça:
── Eu estou toda confusa!
── Claro que está. Sabe, quando uma das premissas de um argumento contradiz a outra, não pode haver argumento.
Pedro consultou o relógio e disse que era melhor parar por ali. Recomeçariam no dia seguinte.
──Hoje, nosso primeiro sofisma chama-se por misericórdia. Ouça: “ Um homem se candidatou a um emprego. Quando o patrão perguntou sobre as suas qualificações, ele respondeu que tinha esposa e seis filhos, que a mulher era aleijada, as crianças não tinham o que comer, nenhuma roupa para vestir, nenhuma cama, nenhum cobertor e o inverno estava chegando.”
Uma lágrima rolou pelo rosto de Vera.
── Oh, isso é horrível!
── Sim, é horrível – concordou Pedro -, mas não é argumento. O homem apelou para a misericórdia e a piedade do patrão. Usou o sofisma por misericórdia. Entendeu?
── Você tem um lenço? – choramingou ela.
── Agora vamos discutir falsa analogia. Por exemplo: “Deveria ser permitido aos estudantes consultar livros durante as provas. Afinal de contas, cirurgiões tem raios X para guiá-los durante as operações; carpinteiros usam plantas quando vão construir casas. Então por que os estudantes não podem consultar livros?”
── Puxa, essa é a idéia mais genial que ouvi nos últimos anos!
── Vera, o argumento está errado. Médicos e carpinteiros não estão fazendo provas para saber quanto aprenderam, mas os estudantes estão. As situações são completamente diferentes, e por isso o argumento não tem valor.
── Eu ainda acho que é uma boa idéia.
── Quer conhecer um sofisma chamado hipótese contrária ao fato?
── Isso soa delicioso.
── Escute: “se Madame Curie não tivesse deixado uma chapa fotográfica numa gaveta com um pedaço de uramita, o mundo hoje não conheceria nada sobre o rádio.”
── Claro! Você viu o que a televisão disse sobre isso? Foi incrível!
── Se você esquecesse a televisão por um momento, eu mostraria que essa afirmação é um sofisma. Talvez Madame Curie não tivesse feito sua descoberta. Talvez muita coisa não tivesse acontecido. O certo, porém, é que não se pode partir de uma hipótese que não é verdadeira e daí querer que ela sustente conclusões.
Pedro, já sem esperanças de que Vera pudesse pensar logicamente, resolveu dar-lhe a última chance:
── O próximo sofisma chama-se envenenando o poço – disse com ar de frustrado.
── Que engraçadinho.
── Dois homens estão prestes a iniciar um debate. O primeiro levanta-se e diz: “Meu adversário é um grande mentiroso. Não se pode acreditar no que ele diz...” Agora pense, pelo amor de Deus. Pense firmemente. O que está errado?
── Não é justo. Quem vai acreditar no segundo homem se o primeiro o chama de mentiroso antes que ele comece a falar?
── Certo! – gritou Pedro, vibrando de alegria – 100% certo! Não é justo. O primeiro homem “envenenou o poço” antes que alguém pudesse beber a água. Vera, estou orgulhoso de você.
── Oh, obrigada.
── Agora vejamos o petição de princípio. Por exemplo: “o cigarro prejudica a saúde porque faz mal ao organismo.”
── É claro que a afirmativa é infantil. É como se dissesse: “prejudica porque prejudica.” Não explica nada.
── Vera, você é um gênio. Esse sofisma toma como verdade demonstrada justamente aquilo que está em discussão. Veja, minha querida, as coisas não são tão difíceis. Tudo o que você precisa fazer é se concentrar, pensar, analisar, examinar, avaliar. Bem, vamos rever tudo o que aprendemos.
── Está bem.
Cinco dias depois, Vera sabia tudo sobre lógica. Pedro estava orgulhoso, pois ele, só ele ensinara-a a pensar corretamente. Agora sim, ela era digna de seu amor.
Assim, ele decidiu revelar seus sentimentos.
── Vera, hoje não vamos mais conversar sobre sofismas.
── Oh, que pena.
── Minha querida, nós já passamos cinco dias juntos. Está claro que estamos bem entrosados.
── “Generalização apressada” ela disse.
── Oh, desculpe.
── Generalização apressada – repetiu ela. – Como você pode dizer que estamos bem entrosados baseado em apenas cinco encontros?
── Minha querida – falou Pedro, acariciando-lhe a mão – cinco encontros são suficientes. Afinal de contas, você não precisa comer o bolo para saber se ele é bom.
── “falsa analogia” – disparou ela. – Não sou bolo, sou uma moça.
Aí, Pedro resolveu mudar de tática.
── Vera, eu te amo. Você é o mundo para mim. Por favor, meu amor, diga que vai me namorar firme. Porque, do contrário, minha vida não terá sentido. Eu definharei. Vou me recusar a comer.
── “Por misericórdia” – ela acusou.
── Bem, Vera – disse Pedro, forçando um sorriso- você aprendeu mesmo os sofismas.
── É, aprendi.
── E quem os ensinou?
── Você.
── Está certo. Então você me deve alguma coisa, não deve? Se eu não a procurasse, você nunca teria aprendido nada sobre sofismas.
── “Hipótese contrária ao fato”.
── Vera, você não deve tomar tudo ao pé da letra! Sabe que as coisas que aprendeu na escola não têm nada a ver com a vida.
── “Generalização não-qualificada”.
Pedro perdeu a paciência.
── Escute, você vai ou não vai ser minha namorada?
── Não vou.
── Por que não?
── Porque esta manhã prometi a João que seria a namorada dele.
── Aquele rato! – gritou Pedro, chutando as flores do jardim. – Você não pode namorar esse cara, Vera. É um mentiroso. Um chato. Um rato!
── “Envenenando o poço” – disse Vera. – E pare de gritar. Acho que gritar também é um sofisma.
Com um tremendo esforço, Pedro baixou a voz, controlou-se e disse:
── Está bem. Vamos analisar esse caso logicamente. Como você poderia escolher o João? Olhe para mim: um aluno brilhante, um tremendo intelectual, bonito, um cara com o futuro garantido. Olhe para o João: um cara-de-pau, vazio, um vagabundo. Pode me dar um razão lógica para ficar com ele?
── Claro que posso. Ele tem uma moto – respondeu Vera, correndo para montar na garupa da motocicleta de João.
Pedro com profunda tristeza, gritou com raiva para que Vera pudesse ouvir:
── O amor é um sofisma porque amar é sofismar!
── “Petição de princípio” – berrou Vera, agarrada à cintura de João, na moto que arrancava velozmente.